sábado, 27 de setembro de 2014

Democracia Absoluta – A Gazeta, 26/09/2014: Kleber Galvêas!

DEMOCRACIA ABSOLUTA – A Gazeta, 26/09/2014

Virgílio foi poeta oficial de Augusto, imperador romano. Dante, ao escrever a "Divina Comédia", escolheu Virgílio (filosofia) para guiá-lo pelo inferno e purgatório, onde registra a miséria humana. Para a jornada através do céu elegeu Beatriz (teologia). Virgílio pecou, não poderia ir ao céu, pois ensinou que "contra o inimigo não há como escolher entre o ardil e a coragem".
Lisandro, general espartano, dizia: "Se a pele do leão não basta, cumpre juntar um pedaço da pele da raposa."
Estes homens falavam de guerras. Não de eleições.
Anterior a Virgílio e A Lisandro, mais de dois mil anos antes de Montaigne, Zoroastro sustentava que o bom senso, a tolerância e o diálogo, são indispensáveis ao governo dos povos: "Quando comer alimente os cães, ainda que o mordam."
Zoroastro vivia na Pérsia, quando a democracia direta era aplicada por Sólon em Atenas.
Os gregos confiavam tanto nas suas instituições e nos cidadãos, que o governante era escolhido por sorteio (dispensando partidos e campanhas); o mandato era de um ano, sem reeleição (garantindo renovação).
Para a sociedade constituída funcionar com equidade, a democracia deverá no futuro ser direta. Isso era inviável devido à explosão demográfica e à dificuldade de comunicação. Na era da Internet, garantida a segurança na rede, e com a televisão universalizada, serão progressistas os que se inspirarem no velho modelo da democracia grega.
Política não é guerra. É a arte de decidir através de discussão pública. O homem atual está se aparelhando (computadores) para praticá-la de forma universal e segura. Se isso acontecer, ficará obsoleto o ardil, a pele da raposa e outros males da democracia moderna.
A caríssima democracia representativa, que gera tantas decepções e conflitos nas nações, cederá lugar ao progresso dos povos, de acordo com o interesse expresso diretamente pela maioria.
Kleber Galvêas, pintor.

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