segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

PARCERIA ARROGANTE CONTEMPORÂNEA - Por Kleber Galvêas!!

PARCERIA ARROGANTE CONTEMPORÂNEA
“Era como se um grande pintor tivesse mergulhado seu pincel na escuridão do terremoto (mídia) e do eclipse (governo).” Percy Shelley.  

O pau de selfie e tantas outras invenções nascidas em garagens tornaram algumas pessoas milionárias. Cidadãos, com modesto capital inicial, corresponderam à expectativa do Estado, que neles confiou, investiu e lhes deu condições, propiciando educação formativa, impostos razoáveis, juros suportáveis e relativa tranquilidade.
O “Decano do Óbvio”, em recente palestra no evento “ES Competitivo – 2016”, foi aplaudido por seleta plateia: “O mérito maior do projeto é o de procurar mudar na cabeça das pessoas a visão de que os governos podem resolver todos os problemas sozinhos pelo entendimento contemporâneo de que as soluções devem ser buscadas de forma compartilhada pelos governos e pela sociedade.” A Gazeta, JCC, 03-12-2016.
A mesmice do expositor e a passividade de uma plateia atenta espantam um observador desavisado. Todos ali, há muito tempo, almejam a parceria público/privado e sabem da sua importância. Entretanto, conscientes das limitações impostas pelo governo, certamente esperavam que a mudança proposta acontecesse na cabeça do governo.
Como fazer parceria com alguém que não nos conhece; que nos cala; que ignora nossa identidade e vocação; que amarra nossos pés e mãos, com burocracia extensa, cara e com complicado labirinto legal mutante; que empobrece aposentados, indivíduos experientes, práticos e com tempo livre para criar; que descapitaliza empresas e cidadãos, com a elevada carga de impostos e taxas absurdas; que explora a educação, cobrando 40% em impostos sobre o material escolar; que nos priva de uma vida saudável, permitindo a degradação do nosso ambiente, e a ocupação irregular do solo urbano; que nos preocupa constantemente, obrigando-nos ao pagamento de serviços caros, em áreas de sua responsabilidade (segurança, saúde, educação); que mistifica, superestimando o exótico e ignorando o produto da terra; que privatiza o autoritarismo na área cultural...
Enquanto não adotar lentes multifocais modernas, para enxergar bem não só o que está longe, mas também o que está perto, o governo não será bem sucedido. Continuará repetindo o óbvio e amargando o desentendimento.
A cultura precede a política e prevalece a ela. Culturas diferentes geram políticas diferentes. Sua anulação em favor de uma ideologia propicia caminhos estranhos onde se perde a identidade, o rumo da vocação, e conduz ao caos.
Kleber Galvêas, pintor.   www.galveas.com dezembro, 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário